segunda-feira, 1 de novembro de 2021


 


O que seria do Pablo Picasso se fosse um Neruda nos versos.
Vide-versa! Colocaria amores e dores no pano de fundo do papel
Escolheria letras e tintas e detalharia a tristeza. Confesso
Enquanto Neruda  pintaria as palavras com um pálido pincel

Um pouco de metáfora não custa nada ao pintor, 
Uma pincelada de letras se faz um torto e absorto poema
No emaranhado de Pablos descrevem-se aquela flor.
As rimas das cores pintam cheiros. O cheiro azul da Alfazema.

A grafia dos pensamentos tanto fica quanto vai.
Se fica! Picasso pinta! Pinta o momento que agora existo
Se vai! Neruda dá formas! Aos meus soltos e loucos ais.
Meu estilo barroco, meio oco, ora escrevo, ora me visto.

Analiso o “Pierrot” , em folhas amareladas e surrealistas.
“O teu riso” pintado em letras e contrários às tintas que uso.
- Artes esculpidas detalhadas pelas escritas epigrafistas.

Alheia a nomes iguais, porém diferentes,  fico muda e extasiada .
De onde vem a inspiração. De onde vem? Da primavera? Aquela?
Diante de Neruda e Picasso eu me calo. Rendo-me encantada.

Soraia