segunda-feira, 1 de novembro de 2021


 


O que seria do Pablo Picasso se fosse um Neruda nos versos.
Vide-versa! Colocaria amores e dores no pano de fundo do papel
Escolheria letras e tintas e detalharia a tristeza. Confesso
Enquanto Neruda  pintaria as palavras com um pálido pincel

Um pouco de metáfora não custa nada ao pintor, 
Uma pincelada de letras se faz um torto e absorto poema
No emaranhado de Pablos descrevem-se aquela flor.
As rimas das cores pintam cheiros. O cheiro azul da Alfazema.

A grafia dos pensamentos tanto fica quanto vai.
Se fica! Picasso pinta! Pinta o momento que agora existo
Se vai! Neruda dá formas! Aos meus soltos e loucos ais.
Meu estilo barroco, meio oco, ora escrevo, ora me visto.

Analiso o “Pierrot” , em folhas amareladas e surrealistas.
“O teu riso” pintado em letras e contrários às tintas que uso.
- Artes esculpidas detalhadas pelas escritas epigrafistas.

Alheia a nomes iguais, porém diferentes,  fico muda e extasiada .
De onde vem a inspiração. De onde vem? Da primavera? Aquela?
Diante de Neruda e Picasso eu me calo. Rendo-me encantada.

Soraia 





segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Um Carnaval de Saudades

   

Um Carnaval de Saudades

Enfim
Esperar-te-ei nas terças quentes de verão porque o sonho ainda não acabou - apenas  começou. Houve uma pausa que me causou um certo rubor. Tanto pudor em querer-te apenas num segundo.
Vem o domingo, procuro-te no vago vento que toca meus cabelos em movimento. Quero crer que são suas mãos  me tocando.. Mãos grandes, mãos que alisam sentimentos.. Mãos profundas , oriundas de toques e retoques. Caminho alheia entre as flores de cerejeiras, sinto o perfume que me faz ter um rumo qualquer.. Olho para o nada da tarde vazia, ouço vozes confusas, obtusas e me recuso a participar dessa monotonia. Cai a noite, e... Nada.. Silêncio vazio, ouço pássaros na varanda. Ouço minha voz muda a te chamar, e... 
Simplesmente adormeço.
Oponho-me às segundas, já que não quero passá-la. O tempo vem lentamente e a curva da estrada que fito estão em desalinho. Penso que você vem.. E.. Invariavelmente você não vem... A chuva cai indiferentemente ao meu calor. Meu corpo arrepia ao saber que uma noite fui sua , tão nua quanto a lua que não vejo agora. Calculo o tempo que está através do segundos em que movimento. Uma eternidade de ausência que consequentemente apaga ao te encontrar. Mero acaso. Acaso existencial. A noite um calor excessivo me faz ficar na ansiedade do breu profundo em que me encontro.
Ainda estou na exausta segunda. Não me pergunte o porquê.. O tempo parece que parou... A lua mudou e a estação - verão fez-se outono carregado de abandono. Noites com sol..
As madrugadas são feitas de sonos e ausências.
As madrugadas... Perco-as para pensar em você - longe de mim.
Um tempo curto que atravessa vontades e desenha teu rosto na parede que abriga. Você me atrai, é fato.. Você me faz sentir serena, enquanto o mundo pena com seus desajustes. Você é meu ajuste incontrolável.
E consequentemente chega a terça tão esperada. Época de um reencontro previsto. Não sei ao certo se ao te ver corro para teus lábios , ou, para seus abraço.. Se

peco pro essa euforia, ou, paro para admirar sua energia. Não sou ilusionaria, nem tão pouco realista. Travo batalhas dançantes que volta . e meia fogem do som. São rituais que faço ao ouvir uma canção - aquela canção.. (Vem me fazer amor, vem me fazer amor).
Ouço novamente seu tom. Embora calma, sinto arrepios.. Embora tensa, sinto-me suspensa. E levitando alcanço tua alma que por um momento eu toquei.
Minhas ilusões estão diretamente liga ao teu raciocínio lógico. Não tenho medo do que virá na quarta seguinte, nem na quinta variante. O importante é que a minha razão não te contenha e nem me abstenha do meu, seu, prazer..
O importante é essa ilusão que na minha mente se transforma em um bem querer. Essa emoção pode não ser duradoura, pode ser promissora, pode ser apenas um nós, e virar pó.
Sendo assim, embarco-me nesse imenso labirinto onde eu posso não sair, onde as linhas das entrelinhas sobreviverão ao breu da terçao-feira.
E todas as sextas eu te amarei sem fim.

Soraia



quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Desejos

 


Status: Febril.

Contato zero..

Latente.! -Ausente

Uma vertente sem volta.

Amores que se vão .

Que se formam  

E morrem

 Corpos suados em forma única. 

Lateja um desejo entre amantes que se rompem..

 Sinto-me sem você. 

Senil...

Com os olhos turvos.

Feito curva de redemoinho..

A música toca... 

Toca minhas entranhas quente... 

E no vai vem das notas 

Solto-me em dó sustenido 

Amores distraído  .

 Um choro de sentimentos partidos se contrai do meu corpo dolorido..

Sinto-me fome.

 Fraca

Desértica...

Só..

Sinto-me dor.

 Solto-me em gemidos

Guardei meus beijos pela distância que nos une..

Tatuei  teu corpo nu em minhas entranhas

Mirei..

Mirei teus olhos azuis naquele Blues

E estou falecendo em desejos.

E numa viela.. Eu me solto...

Toda morta . .

E sozinha no meio da multidão eu vou tremer.. Gemer... 

A gente vive uma história imprópria 

Aleatória..

A gente se entrega nas paixões frenéticas

Sem éticas..

A gente..

Se perde..

Se arde...

Na tarde quente e suadas       

No labirinto de dores e amores secretos..

              

       

domingo, 29 de março de 2020

Páginas em Branco

PÁGINAS EM BRANCO

Páginas em branco, quase amareladas.
Linhas suspensas, mas por um fio.
Pensamentos inacabados, camuflados.
Pérola negra revertida de marfim.

Ilusão precária, mas notória ao som.
Quartos vazios em tons de melancolia.
Portas entreabertas, sempre uma espera.
Agonia intercalada por ruídos estranhos.

Vales escondidos por uma parede estranha.
Dedos tortuosos servem como indicações.
Lesões precárias ao meu modo de vida.
Quantos passos eu posso dar de cada vez?

As paginas brancas são moldadas por mim.
Desenho-as em tons irônicos e suaves.
Contrastes verbais esporádicos, quase triviais.
Preencho com letras negras os versos de marfim.

Soraia


domingo, 8 de dezembro de 2019

O meu óbvio.


  


   Começando pelo começo de algumas palavras escritas..
   Como se fosse um duelo harmônico de palavras iguais vindas de pensamentos diferentes. As palavras são as mesmas, estão soltas. O modo que a conduzimos que nos diferencia dos demais.. A expressão exata da linguagem sobrepõe pensamentos inexato formando um continuo diálogo. O momento flui se a pessoa que estiver pensando comigo caminhe ao meu lado.. A estrada que percorremos é a mesma. O mundo  só fica igual se formos iguais a todos.  O que me diferencia?
Todavia – Toda via é curta.  Toda curta é a metragem do nosso fim. Não se mede valores, se adquire.. Não se pesa  calores, se sente. Não se mede uma dor. O tamanho é proporcional ao valor que damos a ela. Ou sofre demais ou de menos. Ou sofre pra  fora ou vem de dentro.  Prefiro sofrer pelas laterais..
    Às vezes me distancio de sua presença.  Recuar não é fraqueza. Observar palavras de alguém não particular é sutilmente vê-lo através dos olhos da linguagem silenciosa...
O silencio fala mais que  palavras soltas vindas de uma sala  de estar, onde todos   querem avidamente fazer parte de algum submundo igualmente metódico com um pouco de fórmulas irracionais.  Não sabem mais como conduzir uma palavra ao outro.
Somos vazios de quê? (Pergunta insólita) – somos vazios de nada.
   Estaríamos preocupados com as vias dos fatos? E a guia dos atos?
   Oh! Daí-me   uma gota  d’água, tenho sede de palavras raras e clássicas!
   Daí-me palavras soltas, para que eu possa respondê-lo tão ágil ...  Como o voo daquela Gaivota.
   Esse rascunho estará sujeito à alterações poéticas simulando  um desafio para um remendo final. Como uma colcha de retalhos. Primeiro procura-se os diversos panos sentimentais. Escolhe as cores , as dores, e, o tamanho não importa. Mas.. Molda-se.
   Os retalhos são amarrados lado a lado, surgindo uma enorme teia de diferenças e igualdades. Somos retas com atalhos feitas pelas curvas de algum pensamento igual.. Os iguais se atraem no fato.. Os desiguais se distraem no ato.
   O mundo!  - Esse mundo, corre numa velocidade estonteante. As pessoas concretas andam apressadamente. Entram  e saem dos edifícios humanos sem saber onde estão. Não se olham nos olhos. Não se beijam com bocas de falar
   No mundo das palavras as expressões  labiais juntamente com o olhar dos olhos e a linguagem do corpo formam uma irônica sinfonia onde tocam violinos dedilhados pelo toque sutil de um sorriso - A continuidade da musica numa dança onde dois corpos se unem na mesma melodia. É preciso sorrir das vias e dos vãos. 
   Tenho que  embaralhar as silabas manuscritas desse texto e coloca-as em ordem e evidenciar minhas madrugadas quase silenciosa.
  De  mim vem o barulho das letras vivas em meus pensamentos sombrios.
  A noite é negra, sem lua, e   branca.. De fora ouço pingos metafóricos de alguma lágrima transparente. A exuberância das minhas palavras contradiz com meu falho vocabulário. A simplicidade das letras é irreversivelmente desproporcional ao teu/meu pensamento. A sonolência em que situo me deixa oca por alguns 10s,  o suficiente para que as respostas ágeis voem para teu  olhos longínquos .  
  Para quê ler o obvio da minha existência?  Somos leitores assíduos com visões turvas e circunstanciais. Gosto das minhas rasuras irremendáveis!. Gosto!. A   caneta digital apaga o que meu pensamento escreve agora, e, é...   
  É preciso dar lugar a outras formas de poemas loucos.
  É preciso dar uma solução para a cabeça da dor, antes  que ela tome, não só o corpo, mas também o espírito. A morte dos vocábulos vãos é essencial para o crescimento espiritual. Não se deve pensar ao acaso.   Vivemos  por tempos determinados, e morremos indeterminadamente, para renascer brutalmente,  em dias iguais.
Meus dias são quase desiguais, minha manhã é sonolenta e perpendicular à gramática dos teus movimentos.  Corrijo-me nos intervalos da claridade de uma noite  em branco. O cheiro forte do café  da cozinha que antecede àquela sala de estar me acorda suavemente. Embaralho agora minha mente e levanto meus  dias “aparentemente” iguais.
Meu corpo reage a correria dos sons que ouço da minha janela.  Não quero correr temporariamente  .
Não quero partir sem antes dizer-te:   - vou tropeçar em você em alguma junção de corpos e matérias, em pensamentos e sorrisos, em algum beijo de bocas falantes irreversivelmente incoerentes  ao sabor do vôo de uma gaivota.
Fim.



domingo, 8 de setembro de 2019

Entre tantos...








Entre o obvio e a loucura  e a loucura que me cura, opto pela insanidade letárgica .  Entre quadros e molduras rabisco ilegalmente algo inesperado e tão esperado por mim..Algo entre laçados como vicious , como um inicio de um pensamento trivial. Caminho sensualmente com passos lentos para o obscuro do que penso ser.. Penso ser, penso ser  uma janela..
Entre  telas e cores, moldo um rosto pelo som da guitarra que ouço agora.   Rosto invisível  e corrigível..Posso moldá-lo como eu quiser. Você é riacho, eu acho.. Que conduz as águas em forma de uma linguagem erudita..
O mundo sorve pedaços de arranjos esotéricos, ilustrando  as cores do que possa vir acontecer  -  Nada , absolutamente nada, irá acontecer entre tantos pensamentos descoordenados..  Bem pensados.. Alienados..
Entre  tons o meu oposto busca-te impreterivelmente sem pudor.. (rubor).. So lidifico-me dando vazão  
Os dispostos  se atraem,  os palhaços se distraem... Reinvento letras sem sentido  e entorto a boca pra poder modificar silabicamente  o tom de minha voz pálida..    
Liquidifico-me , misturo sorrisos e frases soltas entre os dentes , o verso sai sem talento ..  Uso da matemática para atrair dois em um.. Sem nós, sem me prender na música atual
Entre tantos desenganos, danos, e panos de retalhos, conduzo minha vida metaforicamente entre os vampiros da noite clara, sem lua..
O que nos faz tão perto , o que nos faz capela, captada de uma tela qualquer..?
O que nos faz   ?
O  que?

O mundo  acaba hoje e eu estarei dançando, dançando




quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Um Dia Qualquer..


      

  

  Eu não publico notas, nem tanto pouco faço rotas. Percorro primaveras com cheiro de verão. Percorro curvas e o tempo gasto não me falta, embora tenha certeza de que tudo passa enquanto estou parada nesse labirinto de pensamentos. Não me julgo, tão pouco julgo a verdade que recusa aparecer. Me sinto apropriada a dizer-te o quanto estou estática.   Mudar significa recusar o velho e apreciar o novo, jogar o lilás da minha roupa e ousar o instante – provocar sorrisos. Nada de novo. Submeter à idéia de que o sol toca meu rosto e me faz sentir uma sensação inenarrável  é deliciosamente cabível ao meu prazer.
        Há flores no seu jardim oculto. Há um vão entre a realidade e sua música. Há um senão sem sentido, sem razão, sem...(reticências), ponto final. Aprecio o que desfaço somente porque tenho laços sem nós. Não amarro a linha por ela ser tênue e indiscreta. Desejo o obvio, porque o obvio me atrai disfarçadamente. Gosto de escrever pensando que vai ler esse texto. Gosto de pensar isso. Gosto... As circunstâncias criam cores, dores, flores. Tudo que me lembra um certo você. A ordem dos fatos altera somente a falta da sua presença. Isso me atrai. Isso me atrai... Atrai.
         Tenho a sensação de que o tempo parou para pensar em mim. Minha afirmação tem um sabor de café fresco. Uma sensação seguida de dias, seguidas de horas por começar. Nada que não possa ser feito vagarosamente. Nada...
           Então, desci daquele palco me sentindo estrada sem entranhas. Não que estivesse atuando a todo instante. Não. O modo de ver a imagem que faço de você tem relação com a possível descoberta das pontas. Pontas com buracos inteiros de horas por fazer. .. Parece estranho, não? Sim, no inicio pode ser um tanto difícil de assimilar aquele obvio que tanto desejo.
          Sinto falta daquela timidez corriqueira da minha vida corrida. Embora nua, me visto de palavras  e invisto naquele novo. O que me seduz nessa total falta de junção é a maneira que levo você no o meu olhar. Olhares por absorver.
         Não alcanço metas, sigo as setas sem indicações. Talvez isso me faça ser melhor na razão inversa do seu pensamento. Naturalmente o filme que assisto não terá um fim, mesmo que me separe em partículas. O mundo só gira se eu prestar atenção ao meu redor do contrário a vida segue sem sequer notar a música que toca no meu interior. Nada filosófico. Nada político.
         Há um consenso entre o limite da razão e o vôo da gaivota. Hoje é sexta, dias iguais. Todavia.. Você vem... Você chega... Você parte.. E a sexta continua na mesma ordem da sua partida. Na mesma ordem do universo.  Deixando-me em desordem..Talvez no sábado, algum dia da semana eu o vejo no concreto dos meus olhos pretos.
         Porem não se iluda se uso provérbios nas conjunções, porque enquanto chão a estrada não muda, e eu não só escrevo abertamente como também inicio verbos passionais. Entretanto desengano, talvez use palavras consecutivas. Talvez não.
        A surrealidade de minhas idéias justificam a ausência da realidade. Sou abstrata e real. Sou obsoleta no momento em que me vejo cruelmente podada.
– Não me podem.. Sinto-me pedra.  – Não me joguem...Sinto-me lançada.
- Deixe-me ser chão. Deixe-me enquanto eu, enquanto dia ... E...Enquanto vou...
Soraia..




domingo, 14 de outubro de 2018

Enquanto Você Dormia.


Enquanto Você Dormia

Enquanto você dormia..
Eu me deitei olhando a lua..
E ao teu lado fui sua vigia
Respirei ofegante ao usar tuas mãos em mim.
E ao me tocar, suspirei
Gemendo mansamente tornei-me invisivel.
Era eu em você, não você em mim.


Enquanto você dormia, minha distância te unia,
O tempo parado deixava-me solta, rouca de prazer.
E sorrindo me via assim..
Calma..
Como uma alma que se entrega de corpo ausente..
Nesse exato presente.
Enquanto você dormia....